domingo, 30 de agosto de 2009

A Condição Humana

A filósofa Hannah Arendt, em seu livro "A Condição Humana", propõe várias reconsiderações sobre a atual existência humana, tendo em vista as novas experiências e os recentes temores. Tendo sido aluna de Heidegger, Arendt aprendeu que"pensar não é pensar sobre alguma coisa, mas pensar alguma coisa". Neste sentido, pensar e estar constituem uma só unidade.
O seu pensamento foi voltado para o fenômeno da ruptura, para a lacuna entre o passado e o futuro, levando-a a fazer um exame do presente. Foi com extrema lucidez, que Arendt reforçou idéias de Nietzsche e Heidegger a respeito da desconstrução da metafísica tradicional.
A concepção de uma sociedade de massas, dominada por uma visão tecnicista, já é sinal de esfacelamento da tradição. Na medida em que tal mentalidade converteu-se em instrumento de opressão, houve um distanciamento do sentido humano, representando assim sinais de crise na interpretação do homem contemporâneo a respeito de si mesmo.

PERDER-SE A SI MESMO

Uma vez que se tenha encontrado a si mesmo, é preciso saber, de tempo em tempo perder-se - e depois reencontrar-se: pressuposto que se seja um pensador. A este, com efeito, é prejudicial estar sempre ligado a uma pessoa." Nietzsche.A partir desta reflexão de Nietzsche, é possível pensar nas várias maneiras de exercermos a nossa liberdade, mesmo que para isso seja necessário nos perdermos.A grande sabedoria está no saber perder-se a si mesmo e em seguida buscar o caminho do reencontro consigo.

O impetuoso caminhar

Caminhar é estar a caminho do perder-se e conseqüentemente da busca do reencontro, embora este não implique a existência de um plano de chegada. O percurso é íngreme e longo, porém é nele que se encontra a possibilidade da busca. Os que se perdem são os que não acreditam na previsibilidade das coisas, mesmo porque os significados não são prontamente, nem tampouco gratuitamente dados, são na verdade atribuídos. O perigo daqueles que não se permitem o desvio do caminho está no fato de já se sentirem portadores do entendimento do percurso e ali permanecerem.A imprevisibilidade do mundo pertence aos “pensadores”, na medida em que reconhecendo o risco da imobilidade, deixam-se levar pela busca de novos rumos. O destinar do ser repousa na desapropriação de si mesmo, de onde se dá a retomada. Só há retomada se antes houver uma retração, entendida aqui como desvio do previsível. Transpor abismos, atravessar pontes, aceitar que a “ruptura da tradição libera o olhar”, é assim que nos permitimos enxergar os acontecimentos do caminho e reconhecer a real possibilidade de outras perspectivas.