quarta-feira, 21 de julho de 2010

Tudo passa. Não há como se explicar a morte.

Desde o início da civilização é possível relacionar o surgimento das angústias metafísicas do homem com as manifestações de cultos aos mortos. Assim a morte começa a ser entendida como fronteira, como limiar de outra realidade. Talvez o sentimento avassalador das perdas de pessoas que amamos e também a iminência da nossa própria morte, estimule em nós a crença na imortalidade.
Viver e morrer são a descoberta da finitude humana e da sua temporalidade. Por mais doído que seja, é no morrer que completamos aquilo que somos e o que fomos. Para alguns filósofos, só é possível afirmar se alguém foi feliz ou infeliz quando terminam as vicissitudes da vida. Para Sêneca "quem não souber morrer bem terá vivido mal ".
O dilaceramento interno provocado pelas perdas é fruto do medo diante das rupturas e inseguranças que o novo momento representa. Nunca foi tão perturbador falar a respeito deste tema como é agora. Há no homem contemporâneo uma espécie de recusa da própria finitude e aí podemos refletir se isto significa uma fuga diante do inexorável. Em Heidegger a morte é considerada algo que dá sentido à vida, já em Sartre ela é a dimensão do absurdo.
É de Montaigne a reflexão a seguir: "Qualquer que seja a duração de nossa vida, ela é completa. Sua utilidade não reside na quantidade de duração e sim no emprego que lhes dais. Há quem viveu muito e não viveu ".