quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Sensibilidade e Entendimento

Ao afirmar na Crítica da Razão Pura que: " Há dois troncos do conhecimento humano que partem talvez de uma raiz comum mas desconhecida de nós, que são a sensibilidade e o entendimento; pela primeira, os objetos nos são dados, pela segunda, são pensados ", Kant quer dizer que a sensibilidade, mesmo capaz de receber impressões, não basta para que haja conhecimento pois é preciso que o espírito pense o que é dado, e isso, é feito através dos conceitos.
É importante também entendermos a impossibilidade de captarmos os corpos a não ser inseridos em relação de distância, proximidade, grandeza, em suma, numa rede de relações espaciais. Para uma melhor compreensão devemos pensar a respeito da relação espaço e tempo. O espaço nós dá a possibilidade de abstrairmos todas as coisas que ele contem, porém, não o próprio espaço. O tempo também não é uma realidade em si, independente de nós. Nele estão enquadradas todas as coisas e estas, podem desaparecer, menos o próprio tempo.
Aplicando estes conceitos na experiência de viver, é preciso entendermos a dinâmica que há por trás de cada juízo elaborado sobre o mesmo tema e por vezes tão distintos em seu conteúdo. Não se aprende a experiência para depois submetê-la à síntese, pois o próprio ato de apreender já pressupõe que a experiência tenha ocorrido.
Sejamos pois tolerantes com os que pensam diferente de nós visto que a verdadeira experiência de cada um frente ao mundo, refletindo aqui sobre a questão do espaço, do tempo e das coisas neles inseridas, repercutem diretamente na síntese que cada indivíduo faz a respeito dos acontecimentos. Porém, ser tolerante não nos tira o direito de nos indignarmos diante dos juízos cegos e por vezes incoerentemente irracionais e com os quais nos deparamos com frequência.

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