terça-feira, 22 de setembro de 2009

A Possível Harmonia

Para os gregos Apolo era o deus da luz, do uso do raciocínio claro, da harmonia e do equilíbrio. Dionísio era seu oposto, pois enquanto Apolo era o deus da razão, Dionísio era o deus do exagero, da bebedeira, da loucura, dos vinhos e das festas.
O saber apolíneo é baseado na proporção, na calma e na serenidade. A necessidade desta ordem é contraposta pela desmesura do saber dionisíaco, já que este último busca o êxtase, e assim, no lugar do sonho, procura a embriaguez.
Não poderia haver um só homem que em sua lucidez, não experimentasse estas duas facetas tão diferentes porém tão necessárias para revelar a ilusão em que vive. Transitando entre a clareza apolínea, que tenta mascarar a dura realidade, transformando o mundo em ilusão, a ponto de encobrir a árdua tarefa do viver, a visão dionisíaca, com suas extravagâncias, vem como êxtase permitir a este homem tornar possível o desejado, mesmo que para isto, a crueldade do mundo se faça presente como necessidade.
É a contradição da perfeição e da clareza diante do ímpeto, nem sempre tão claro e nem sempre preciso. Estes somos nós, uma mistura de Apolo e de Dionísio, de equilíbrio e de loucura.

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